terça-feira, 20 de julho de 2010

Arnaldo Jabor e a Internet



Antes de começar a escrever o texto propriamente dito, quero dizer que tenho profundo respeito pelo profissional que é o Arnaldo Jabor, entretanto isso não significa que eu concorde sempre com o que diz. O caso mais recente disso foi a sua crítica no jornal O Globo desta terça-feira, dia 3 de novembro de 2009 no segundo caderno. Em seu texto, Jabor se irritou com o fato de existirem diversos textos na internet como sendo seus próprios, embora não fossem. Sua ira foi resultado da circulação de trabalhos que não foram feitos por ele, mas que levavam seu nome como criador. Até aí ele está coberto de razão. Já fiquei sabendo que usaram fotos minhas (cuidado gente, isso pode acontecer com vocês) para compor um personagem qualquer em uma sala de bate-papo. Isso me deixou com raiva, mas nunca seria tão arrogante e, posso dizer também, retrógrado como o Jabor em seu texto “Blogs, Twitter, Orkut e outros buracos”.

“Blog me parece o coaxar de um sapo boi”, a piada foi engraçada. Eu ri, mas o problema foi o contexto em que ela foi criada, pois desmereceu quem escreve na internet, não só para aparecer, mas para contribuir. O Jabor acha que todo mundo quer ser celebridade na internet - Eu costumo dizer que sou o mais feio do orkut, por exemplo - Mas por que tirar o direito das pessoas de se transformarem em suas próprias celebridades, em seus próprios ídolos? Isso é justo com elas? Sim Jabor, você é um grande blog vivo, concordo plenamente. E lhe admiro por isso, fala na TV, rádio e jornais impressos, mas precisa do feedback. O que seria do ator de teatro sem os aplausos?

Você falou também sobre que necessidade é essa de se comunicar. Bem, eu posso lhe dizer que um dos aspectos básicos do ser humano é a socialização. O homem da caverna já saiu há muito tempo de lá, talvez até mesmo tenha sido antes de Platão, então por que voltar para a escuridão e inércia, se podemos viver do lado de fora, de forma dinâmica e comunicativa? Não deve-se generalizar, meu caro Jabor. Sua crítica ao twitter é a mesma que eu fazia antes de aprender a usá-lo. Eu acreditava que não era possível se comunicar com 140 caracteres... mas eu aprendi a utilizá-lo de forma correta. Se quiser depois a gente conversa e você pode usar o twitter como todos. Mas não generalize a idiotice. Ela não é comum a todos. Posso lhe garantir que na internet há conteúdo, e muito conteúdo de qualidade. Posso lhe dar uns endereços de blogs sensacionais:

Jabor, meu compadre, “não se irrite”, já dizia o Kiko do Chaves. Sei que o dilúvio informacional é difícil de entender. É fácil se afogar, mas eu que já tenho o meu bote, posso lhe emprestar uma jangada, aí você verá como é bom navegar. Não diga que “antigamente os burros eram humildes”... bem, eu acho que os burros escreviam muita besteira... e sabe que eles continuam? Só que numa quantidade maior. Tem uns aí que escrevem, em jornais, revistas... Veja só! É incrível. Os burros sempre existiram, não será agora que eles sumirão. O problema é que eles agora têm voz, têm vez, têm como aprender. Eu sei que o meu blog é mulambo. Mulambaço! Porém, não posso concordar que escrevo para ninguém, que escrevo por escrever ou escrevo sem ter nada a dizer. Escrevo para entreter os outros e a mim, afinal, é para a gente que devemos escrever primeiramente... e foi isso que o senhor fez. Jabor, o Brasil não está tonto, infelizmente, tontos estão as pessoas que estão se afogando e com medo do novo.

Confesso que minha vontade era lhe enviar uma carta com Anthrax, mas não o fiz quando li a seguinte frase no seu texto “a revolução digital é a coisa mais importante dos séculos.” Até que enfim algo sensato no texto. Daí em diante, você voltou a ser o Jabor que eu gostava. Entretanto, NUNCA diga que a internet é a revolução dos idiotas ou coisa do tipo. Porque eu, sendo um idiota, fiquei ofendido (as pessoas que eu mostrei ali nas indicações não podem ficar irritadas, afinal não são idiotas). Estamos virando aparelhos, Jabor? Bem, eu não deixo de ir à praia, ir à academia, namorar, estudar, ler livros em papel e jornais impressos. É, realmente sou um robô. Nossa! Muito obrigado por ter me ajudado a encontrar o caminho da verdade dentro da caverna! Serei muito mais feliz agora. Estamos mais “fordistas”? Mais do que nunca, porém foi o tempo que nos moldou. O tempo é escasso? Mais do que nunca, trabalhamos demais. Somos máquinas? Ainda não. Não enquanto soubermos o limite entre a tecnologia digital e a tecnologia do abraço em carne e osso.

Bem, Jabor. Sei que você é um cara ocupado, mas se passar por aqui, deixa um comentário. Mesmo desaprovando, afinal, você é um cara inteligente. Não precisava usar arrogância (mal) justificada por uma crítica que tinha tudo para ser construtiva. Também sou contra os fakes, a falsidade ideológica, mas usar isso como estopim para um texto sem relevância e criar uma discussão ultrapassada? Não. Esse não deve ser o Jabor que eu conheço, deve ter sido um desses fakes que escreveu no jornal dessa terça-feira.

PP(Post Post): Para quem quiser ler o texto na íntegra o link é este: ARNALDO JABOR.

Renan Barreto sempre diz que a internet não é a terra de ninguém, mas sim a de todo mundo.

Texto originalmente publicado no seguinte link:

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